METABOLISMO E EXCREÇÃO
A metabolização da fenciclidina ocorre principalmente ao nível do fígado, através de reações de fase I, sendo a mais importante a hidroxilação. A partir destas reações ocorre a formação de 4-fenil-4-piperidinociclohexanol, 1-(1-fenilciclohexil)-4-hidroxipiperidina e 4-(4'-hidroxipiperidina)-4-fenilciclohexanol, metabolitos excretados na urina, que se tiver um pH abaixo de 5, aumenta a clearance da fenciclidina[3]. Aminas primárias (1-fenciclohexilamina) e aminoácidos (ácido 5-(1-fenilciclohexilamino) valérico) também são gerados a partir do metabolismo da fenciclidina mas estes são metabolitos secundários[3].
Em 1997, foi descoberto que a formação dos metabolitos hepáticos levava à inativação do citocromo P450 e à formação de ligações covalentes entre estes e as macromoléculas hepáticas. O mecanismo de oxidação alifática mediada pelo citocromo P450 2B6 envolve o deslocamento de um hidrogénio do carbono alcano para formar um radical livre centrado nesse carbono. De seguida ocorre a religação do radical e a formação e libertação de um metabolito álcool. Como o radical tem um tempo de vida muito curto, mais rapidamente é hidroxilado e libertado do local enzimático como um metabolito do que tem a oportunidade de escapar do local enzimático.
Esta é a razão pela qual grande parte dos metabolitos é hidroxilada e apenas uma pequena parte tem a oportunidade de escapar como um radical e transformar-se num catião capaz de se ligar covalentemente à parte proteica da CYP 450 2B6 e originar a sua inativação[8].

Fig.: Metabolismo da fenciclidina pela CYP2B6 adaptado de Jushchyshyn, M. I., Wahlstrom, J. L., Hollenberg, P. F., & Wienkers, L. C. (2006). Mechanism of inactivation of human cytochrome P450 2B6 by phencyclidine. Drug metabolism and disposition,34(9), 1523-1529.
Também um estudo realizado em microssomas hepáticos humanos (1997) demonstrou que a família enzimática CYP3A tem um papel importante na metabolização da fenciclidina. Sabe-se que as isoformas desta família têm uma variabilidade e são expressas polimorficamente, pelo que variabilidade no metabolismo microssomal da fenciclidina também é esperada[9]. O tempo de semi-vida do composto está estimado em cerca de 17,4 horas, apesar de tempos de semi-vida de 1-4 dias já terem sido reportados [10]; Há uma variabilidade de pessoa para pessoa, o que pode explicar as variações individuais na resposta à fenciclidina e a razão pela qual algumas pessoas têm efeitos mais prolongados[9].